terça-feira, 23 de junho de 2009

A sabedoria dos livros


Hoje assisti a uma palestra sobre Livros abrem mundos: mídias para pessoas em reclusão, como alemão Gerhard Peschers, bibliotecário da biblioteca do Presídio de Münster. Ele contou suas experiências, como desenvolveu o seu trabalho no presídio e o prêmio pelo trabalho desenvolvido no ano de 2007.
Nosso sistema carcerário não possui bibliotecas, algumas têm salas de leitura, que não segue um sistema de organização de biblioteca, essas salas são organizadas pelos próprios detentos.
Fiquei fascinada pela maneira poética apresentada, sei que só mostrou a parte positiva, mas porque falar das negativas? Falou sobre o sonho de liberdade que o livro nos leva. Disse que o mundo é o teatro e que nos somos os atores. A penitenciaria que ele trabalha existe há 650 anos. A chave para entrar no sistema de biblioteca carcerária é a palavra e sua palestra teve como tema VISÃO DA VIDA + LITERATURA ATRÁS DAS GRADES.
Ele falou uma coisa que me faz pensar “se quiser conhecer o estado, olhe os presídios por dentro”. O estado do Rio de Janeiro é caótico por essa perspectiva. O nosso sistema é todo corrompido, super lotação, tratamento desumano. Muitos dos detentos são perigosos, mas cabe ao estado a responsabilidade de re-socialização, o ócio não é o melhor ofício para quem está atrás das grades.
Gerhard disse que a biblioteca do presídio tem três objetivos: entretenimento, Educação, Auto-conhecimento.
Também falou que as bibliotecas das penitenciárias da Alemanha são vinculadas com as bibliotecas públicas municipais. Seria muito interessante se fosse assim ao Brasil, mas aqui existem municípios que não possuem bibliotecas...
Contou um sonho que teve sobre uma arvore que crescia no muro da parede do presídio, que separa os presos e a população livre, as raízes cresciam penetrando na terra e conectando pelo subterrâneo por todos os lados, suas ramas cresciam para os ambos os lados, se comunicando... Em vez de folhas e frutas cresciam livros. A cima dessa árvore havia um céu celeste que se erguia com o calor do sol. Ele disse que despertou contente e contou o sonho para sua esposa. Então veio a mente uma frase que viu em um muro de Berlin “O mundo é demasiado pequeno para os muros”.
Meus olhos se iluminaram. Que sonho lindo! Uma árvore de Poesias de Drumond, Vinícius, Romances de Machado de Assis, Eça de Queiroz, em suas sombras gozar do prazer da leitura!
Os livros serão sempre sagrados, tê-los as mãos é uma dádiva.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Muito obrigado ou eu te amo!

No decorrer do dia de hoje, tive contato com dois acontecimentos para mim curiosos que valem serem comentados.
Uma pessoa conhecida disse-me que estava passando por uma rua no Centro do Rio e ouviu um senhor dizer “com licença senhora” e a senhora retribui, “pois não senhor”, “obrigada senhora”. Ela disse, achei tão bonito ouvir aquelas palavras tão cordiais.
E eu fiquei mais uma vez a devagar, como as coisas que deveriam ser normais, às vezes nos impressionam, ser delicado, atencioso e gentil deveria ser algo normal, como beber água, mas não, a vida nos faz correr tanto que não há tempo para as pequenas delicadezas e educação. Perdemos o hábito das boas maneiras que nos foram ensinados quando criança, não fale com a boca cheia, agradeça o presente, sempre fale por favor, com licença... Sou uma pessoa que dá bom dia até para o cachorro de rua, acho importante ter sempre um sorriso no rosto e uma delicadeza no olhar. Pedir licença sem empurrar, dizer muito obrigado ao motorista que nos deixou em segurança no trabalho, pedir desculpa por um erro cometido, são gestos que fazem toda a diferença.
O outro acontecimento foi que essa mesma pessoa num papo, ela me revelou o grande amor de sua vida. Mesmo chegando aos quase setenta anos, o coração bateu forte quando encontrou o seu grande amor na rua. Eu disse, que bom, é sinal que estás bem viva!
Ah o amor! Ele realmente é como tempo, nunca envelhece sempre pronto a nos surpreender! Ele chega silencioso como o nascer do sol, ou barulhento e avassalador com os raios e trovões, como faz bem a alma. Ela me contou o quanto foi intenso e lindo o que viveu. Dei-me o direito de só ouvir aquela história e ver os olhos dela brilharem. O encontro casual na rua que durou alguns minutos foi o suficiente para ela reviver tudo de lindo e bom vivido.
Sempre é bom estarmos prontos a receber ou dizer um brigado ou eu te amo.
Por que mais pessoas? Gosto de pessoas e do Pessoa, meu poeta. Fico muito tempo pensando nas razões que levaram o poeta escrever sobre determinado assunto.Esse blog é também para transcrever, e refletir textos que li de Fernando Pessoa, outros poetas e escritores. A leitura é o som quando não se tem mais nada a falar.